segunda-feira, 26 de maio de 2008

O tempo é a imagem móvel da eternidade imóvel.

Eu até pensei em colocar como título uma frase muito bonita de Platão, ele que tem várias, talvez seja Platão o cara mais famoso do MSN, Orkut e dos Blogs, mesmo sem ninguém saber que está citando frases do célebre pensador que nasceu 400 anos de Cristo por os pés da Terra. Tá, só algumas, para animar um pouco, afinal todos gostam de frases de terceiros...

"Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida."

"O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo, porque tem que dizer alguma coisa."

Chega, talvez mais algumas ao longo da conversa. Se for preciso explicar tudo de Platão, vou precisar de um livro e não um blog, então vou tentar falar só de uma parte do pensamento dele, vou deixar sua história para outra ocasião, já que todo texto começa pelo contexto histórico da pessoa, que é geralmente a parte chata da coisa.

Para Platão, exitem duas realidades, a inteligível, eterna e imutável; e a sensível, mutante e dependente. Quando você vê um cavalo, não importa se ele é branco, preto, azul, de madeira, aquarela, morto, ou de cabeça pra baixo, você simplesmente sabe que é um cavalo. Isso porque os cavalos que você está vendo são cavalos pertencentes à realidade sensível, são formações mutantes e imperfeitas da idéia de cavalo. O cavalo inteligível e abstrato, pertencente à primeira realidade, só existe no nosso pensamento, é uma compreensão imutável, abstrata.

Tente não confundir as duas realidades de Platão com concreto e abstrato, não é bem isso. Vamos usar como exemplo o termo clássico empregado de forma errada quase sempre, o Amor Platônico. O amor sensível, aquele que sentimos quando amaos alguém, aquela sensação indescritível com palavras mas simples com gestos, esse é o amor da segunda realidade de Platão, a mutante e imperfeita. Já o Amor inteligível, aquele que é o tal Amor Platônico, está a concepção pura e total do amor, o que nunca será atingido pela realidade sensível, o perfeito e estático, enfim, apenas uma referência para idealizarmos o quanto o amor sensível pode se aproximar desse amor platônico. Concluindo: Amor Platõnico não é amor impossível porque a outra pessoa é inatingível, e sim porque seu sentimento é inconcretizável.

Parece pouco, mas é muito! Ele quebra diversos pensamentos com o plano das idéias e da divisão do homem em material e divino. Queria estender mais esse post, mas o tempo está curto, continuemos na luta para tentar chegar numa explicação plausível do que é o "divino", que nenhum dos três pensadores postados aqui até agora conseguiram explicar. Para finalizar, deixo com vocês mais uma frase famosa.

"Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo."

E aí veio o Gandhi e pegou a frase pra ele... =/

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade.

Queria muito falar de Sócrates, afinal ele é um dos mais lembrados quando se fala em folosofia ou pensamento. Mas como acabei de falar de Parmênides, vai ficar chato só falar de gregos antigos, quando se tem tantos figuras ilustres muito mais recentes, então vou tentar intercalar entre um antigo e um moderno. E se Sócrates é a vedete do pensamento antigo, então a vedete do pensamento moderno só pode ser ele, o bigode mais famoso da história, Nietzsche.

Tem muito para se falar deste cara, por isso não vai ficar só neste post, mais pra frente posso falar mais coisas dele, vamos então focar na idéia principal dele, e deixemos o contexto do mundo em que ele viveu e as situações pelas quais ele passou pra ter desenvolvido esse pensamento muito peculiar dele para uma próxima oportunidade.

Existe aquela frase célebre sempre atribuída a ele, mas que muitos afirmama que ele nunca a disse: Deus está morto. Está frase dá um ar muito pessimista para o pensamento dele, mas não é bem assim, o pensamento dele é um novo caminho para a felicidade, quebrando esses modelos tradicionais baseados na religião.

Tá vamos começar logo. Eu sou da corrente que acredita que Nietzsche é um niilista, ou seja, ele não acredita que exista Deus e que único responsável pelo homem é o próprio homem. Não existe um "ser superior" que ditou as regras, segundo as quais devemos seguir caso contrário seremos severamente castigados no pós-morte, tudo que o homem faz só depende dele mesmo, portanto, tudo é válido. Aquilo que você julga ser certo ou errado, moral ou imoral, ético ou não, bondoso ou cruel, isso tudo não passa de uma conveniência criada por um conjunto de homens de forma que aquilo se tornasse conveniente à maioria.

Exemplo: estamos aqui, eu e mais nove fazendeiros, nós meio que mandamos na aldeia, acontece que roubar comida ou dinheiro dos outros não é interessante, isso dá dinheiro a vagabundos que não produzem nada para a aldeia, então vamos definir que roubar é errado. Acontece que quando atacamos aldeias inimigas, podemos matar seus aldeõs ou escravizá-los, produzindo totalmente de graça, isso é interessante, então escravidão é certo. Pronto, criamos um conjunto de valores e vamos agora botar isso na cabeça das pessoas. O exemplo quis passar que qualquer conjunto de valores é criado por um conjunto de interesses, logo, o homem é que cria seus próprios conceitos do que é ou não permitido, do que é ou não é o Bem.

Esse exemplo é uma ótima deixa para falarmos do conceito de super-homem. Ah! E a gente já vai voltar na história do "Deus está morto", não precisamos ter pressa, afinal segundo o próprio Nietzsche, vivemos num Eterno Retorno mesmo...

O super-homem de Nietzsche (que nada tem a ver com o herói, por favor!) é um conceito introduzido em "Assim Falou Zarathustra", uma das suas grandes obras e leitura recomendada! O super-homem pode ser qualquer ser humano, é um humano que conseguiu atingir todo o seu poder, pois para Nietzsche a inclinação para o poder é a força que motiva os homens. Não o poder de mandar, desmandar ou de carregar montanhas, o poder que ele se refere são auto-harmonia, autocontrole e auto-realização. Significa ser amoral (estar acima do Bem e do Mal, mais que isso, eles não existem, são só uma convenção), não temer a nada superior a si mesmo, pois não existe nada acima dele e a capacidade de realizar em vida tudo que o faz se sentir bem e feliz. Isso significa quebrar todos os hábitos e regras impostos a nós pela nossa família, escola, religião e qualquer outra instituição pregadora de valores conveniente à maioria, isso significa romper nossos hábitos!

Para finalizar, vamos falar do Eterno Retorno, essa é muito boa, imagina que o mundo é uma sucessão infinita de fatos. Fatos esses que tem uma possibilidade finita de combinações, o número e a seqüência dos fatos são gigantescos um número muito maior do que se pode imaginar, mas ainda assim, finitos. Bem, mas se o tempo é infinito, então o tempo é infinitamente maior que o núemor de fatos, o que nos leva a conclusão que tudo que acontece conosco hoje, já aconteceu no passado infinitas vezes e acontecerá no futuro mais infinitas vezes, o mundo é um ciclo infinito de fatos se repentindo. Podemos concluir disso que a realidade não tem nenhuma finalidade, não existe uma resposta para "por que existimos?", como concluímos isso? Fácil, se existisse um objetivo, já teríamos alcançado, e se não alcançamos até agora, não vai ser repetindo infitas vezes a mesa coisa que vamos atingir alguma coisa. Se vivemos num mundo de alternância de fatos infinitos, repetidos e sem objetivo (cara, isso me deixa realmente pra baixo...), o que podemos fazer?

Ser feliz, aproveitar cada momento como se fosse o último, abandonar velhos valores que se tornanram convenientes à maioria e viver intensamente o que você snete que é melhor para você mesmo, experimentar, arriscar, ter prazer, felicidade, sentir-se bem com a própria consciência (que deve ser definida por você somente!), faça amigos, divirta-se com eles, conheça lugares, não guarde rancor, saiba perdoar, tenha em mente que quem manda na sua vida é você e é também o único responsável por torná-la melhor! Não seja julgado pelos outros. Afinal, ninguém aqui quer ser infeliz sucessivas vezes infinitamente!

Viu? Nietzsche não é tão deprê assim, só é preciso entendê-lo melhor. Eu prometi voltar a falar do "Deus está morto", mas acho que não precisa, de qualquer forma vou voltar a falar dele mesmo infinitas vezes aí no futuro ;-)

terça-feira, 20 de maio de 2008

Não acreditais nesses olhos estúpidos!

Não acreditais nesses olhos estúpidos. Não acrediteis no ouvido barulhento ou na língua, mas examinai tudo com a força do pensamento! Assim disse Parmênides de Eléia. Vou tentar explicar um pouquinho desse cara que né um dos meus pensadores dos quais sou grande fã, nada melhor do que um dos preferidos pra começar a blogagem né? Como vou tentar fazer em todos os posts, usarei uma linguagem bastante informal e tentarei aproximar da nossa realidade o pensamento de algumas pessaos muito importantes que já viveram no nosso mundo, tentarei deixar o texto acessível pra quem não entende nada de filosofia ou sente muita dificuldade em interpretar frases que nos dão nó na cabeça, como: Se deve dizer e pensar de algo que é: porque existe o ser, não entretanto o não-ser.

Não sou nenhum mestre da filosofia, nem mesmo fiz algum curso de filosofia, tudo que sei foi lendo alguns livros e artigos que me despertavam interesse, pode ser que eu até escreva alguma bobagem aqui, por isso sintam-se livres para comentar qualquer coisa escrita aqui, ou mesmo pedir melhor explicação. Quando você começa a entender a filosofia, você vicia, não pára mais, é compulsivo, quer saber mais e mais, não é a toa que filosofia significa "amor pelo conhecimento", num post eu explico como fui cair nesse buraco sem fundo...

Parmênides de Eléia (porque ele nasceu em Eléia) foi um dos membros da Escola Eleática (porque se situava em Eléia), isso quer dizer que, como todos os outros membros desta escola (posso até falar deles um dia desses), acreditavam no fundamento que o único conhecimento válido é aquele fornecido pela razão, ou seja, tudo aquilo que você adquire através do sentimento ou sensação, é pura enganação sobre o verdadeiro conhecimento, não que não seja um tipo de conhecimento, eu sei que se eu comer 4 maçãs eu vou ficar bem cheio, que se eu ficar em cima de uma táboa velha ela vai quebrar, mas se eu fizer isso na Lua ela pode não quebrar e que o fogo pode se apagar com água, mas isso não contribui em nada para descobrir a realidade das coisas. Agora quando eu uso a razão, quando e verifico que 2+2=4, quando eu percebo que meu peso na verdade é a massa do meu corpo multiplicado pela força da gravidade e que algo em combustão só se mantém se tiver oxigênio para reagir a sua volta, aí sim, estou pensando como os Eleatas (o pessoal da Escola Eleática).

Tá, mas a gente estava falando do Parmênides, o que foi de tão sensacional que ele pensou e falou na época pra continuar conhecido mesmo depois de 2500 anos (pois é, aquele seu tio morreu faz 10 anos e ninguém mais se lembra dele...): Parmênides sugeriu que tudo na existência é ser ou não-ser. O que não é, simplesmente não é... Explicando melhor, ou uma coisa existe ou não existe. Não parece muito, mas é.

Primeiro ele disse que tudo que existe é parte do Ser, esse Ser é uma coisa só, única, é a existência! O que não faz parte desse Ser único, faz parte do não-Ser, do nada.

Aí ele disse que o mundo sensível é uma ilusão, ou seja, tudo isso que olhamos, cheiramos, bebemos, comemos, tocamos, ouvimos, chutamos e beijamos não passa de uma ilusão, de uma enganação que nosso corpo nos transmite, pois tudo isso é uma coisa só, o Ser. Daqui a pouco vou deixar isso mais claro, mas antes vamos ver sua terceira afirmação.

O Ser é Uno, Eterno, Não-Gerado e Imutável. Ou seja, não existe transformação no Universo, é tudo imutável, o Ser é uma "foto".

Mas o que explica eu estar vendo aquela garota andar na rua? Você deve estar se perguntando, ora, você está acreditando nos seus olhos, logo, no mundo sensível. Não pensou com a razão. No mundo da razão existem duas esferas: o Ser que é tudo que existe (luz, calor, amor, vida, masculino (é, masculino, estamos falando de 500 a.C. e os gregos antigos eram uns viados lembra-se?)) e o não-Ser é a aus~encia do Ser (treva, frio, ódio, morte, feminino). Isso nos leva a pensar... o que me "iludiu" a pensar ter visto a menina andar? Alguma coisa aconteceu, sim! É, isso é o fenômeno do Vir-a-Ser, quando o Ser e o não-Ser se equilibram, o quente se torna frio, criando esta ilusão de que algo mudou no seu mundo sensível.

Bom, se o Ser é a única coisa que existe, logo, nada poderia tê-lo criado, senão existiriam 2 seres, e ele sempre existiu, afinal ninguém o criou, logo existe somente um Ser.

Ah, bem cansativo e parece algo meio óbvio (apesar de parecer ter falhas), mas esse pensamento todo do Parmêrnides não remete a gente a um outro pensamento? Ele é eterno, uno, perfeito tudo é ele, amor infinito, luz... a ausência d'Ele, é o ódio, a treva.... eu lembro de algo assim em algum lugar que existe até hoje. Mas Parm~enides viveu no ano 500 antes de Cristo. Só se... deixa pra lá. Isso fica para um outro post!!